Portobello reduz projeção de expansão para 2019, mas mantém investimentos

A fabricante de revestimentos cerâmicos Portobello está confiante na retomada gradual da economia e do mercado de construção civil, embora em ritmo menor do que esperava quando o ano começou. Maior do segmento, com receita líquida de R$ 1,054 bilhão em 2018, a empresa projetava elevar a receita neste ano em mais de 20%. Agora, a estimativa fica entre 10% e 15%.

Apesar do corte nas estimativas de crescimento, o presidente da companhia, Cesar Gomes Junior, garante que os investimentos estão mantidos. Devem ser aplicados R$ 155 milhões, R$ 55 milhões na primeira etapa, na produção de revestimentos em grandes formatos.

A nova linha faz parte das estratégias da Portobello de inovação e de oferecer mix mais elaborado de produtos, com margens superiores. É, justamente, na melhora que se baseia a projeção de expansão do faturamento, pois a empresa espera a manutenção dos volumes vendidos ante 2018.

Em meados de junho, a Portobello inaugurou, em sua sede em Tijucas (SC), forno de 236 metros, desenvolvido para a fabricação de lastras de porcelanato de até 1,8 metro por 3,6 metros. Este é o maior formato de revestimentos cerâmicos vendido no mundo, segundo o diretor de marketing, João Oliveira. A Itália produz porcelanatos com essas medidas. “A nova linha está muito associada à marca Portobello e faz parte de trabalho criar tendência, inovação para o ambiente da casa”, diz Oliveira.

A linha será direcionada à rede exclusiva de lojas Portobello Shop, ao varejo, às construtoras e à fabricação de mobiliário em porcelanato, como mesas e bancadas para cozinhas e banheiros. O “ramp-up” (curva de aceleração da produção) do novo forno começa com fabricação de itens menores do que a possibilidade de tamanho máximo. Segundo o presidente da Portobello, o mix oferecido será ampliado à medida que o mercado evoluir. “A tecnologia permite produtos que o mercado ainda não está acostumado a consumir. É preciso haver um aculturamento”, diz Gomes.

As vendas da nova linha de porcelanato terão início em dois meses, mas a expectativa da Portobello é que ganhem força no próximo ano e em 2021, quando a demanda por revestimentos por parte das construtoras tende a aumentar. Desde o quarto trimestre do ano passado, os lançamentos de imóveis residenciais têm crescido, principalmente na capital paulista, mas há defasagem entre a apresentação dos projetos e o pedido de revestimentos para acabamento das unidades.

A companhia esperava que o aumento da comercialização de produtos para construtoras e revendas seria maior do que o verificado no primeiro semestre. “Começamos o ano muito otimistas em relação à nova realidade e ao novo governo, mas houve certa frustração. Agora, temos confiança em algo mais realista, que haverá melhora do mercado, mas pequena”, conta Gomes. Na avaliação do executivo, “a crise já acabou” e a questão é qual será o ritmo de retomada. “Temos a perspectiva de um segundo semestre melhor”, disse.

Outro vetor de crescimento buscado pela Portobello são as exportações. Os embarques de revestimentos respondem por 18% do total das vendas da companhia, e há potencial para que o patamar chegue a um quarto do total até 2021, segundo o presidente. “Somos responsáveis por 25% da exportação brasileira de revestimentos”, afirma Gomes. A Portobello vende seus produtos para mais de 60 países.

Segundo o presidente da Portobello, o preço do gás natural, principal insumo do segmento cerâmico, é o “maior obstáculo à competitividade internacional”.

A principal estratégia da companhia em relação ao mercado externo é aumentar as vendas para os Estados Unidos. A Portobello tem um centro de distribuição no Tennessee e outro na Flórida. A companhia comprou terreno em Nashville, no Tennessee, para erguer uma fábrica. A construção começará em dois ou três anos, à medida que a empresa ganhar escala de vendas no mercado americano.

A Portobello produz cerâmicas com a marca Portobello em Tijucas e com a marca Pointer, em Marechal Deodoro (AL). Da produção de 40 milhões de metros quadrados por ano, 30 milhões de metros quadrados se concentram na fábrica catarinense.

Das três maiores empresas de revestimento cerâmico do país, a Portobello é a única cujo controle permanece com a família fundadora. Um acordo de acionistas liderado pela família Gomes detém 54% do capital da empresa, e o restante é negociado em bolsa. A totalidade da Cecrisa foi vendida à Duratex em maio. Até então, 77% da Cecrisa pertenciam à Vinci Partners e 23%, à família Borges de Freitas. Em outubro de 2018, o grupo americano Mohawk Industries comprou a totalidade da Eliane Revestimentos Cerâmicos.

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