“Medidas de controle não significam apenas disponibilizar EPIs. É preciso avaliar e controlar os perigos na fonte”

O Seminário de Saúde Ocupacional teve a participação de mais de 120 pessoas, entre estudantes e profissionais da área de SST

No último sábado (26), estudantes e profissionais da área de SST tiveram a oportunidade de se atualizar e obter novos conhecimentos, durante o Seminário Saúde Ocupacional na Construção Civil, que tratou sobre a relevância da higiene ocupacional no dia a dia do trabalho e como gerir a saúde e segurança nos canteiros de obra. O evento foi realizado pelo Seconci-Rio e pelo Núcleo de Pesquisas em Planejamento e Gestão (NPPG) da UFRJ, dentro do Programa de Desenvolvimento Profissional, resultado da parceria entre as duas entidades.

Quem iniciou as palestras foi o engenheiro de segurança do trabalho e higienista ocupacional, Tiago Simas, que falou sobre avaliação, identificação e monitoramento de riscos, deixando claro que medidas de controle não significam apenas disponibilizar EPIs. “É preciso avaliar e controlar os perigos na fonte. A higiene ocupacional estuda, justamente, os agentes que podem provocar perdas à saúde, em longo prazo”, disse ele.

Tiago também apontou a diferença entre perigo e risco. “O perigo é o dano, o que é capaz de causar algum tipo de lesão, enquanto o risco é a possibilidade do dano acontecer”, explicou o higienista, acrescentando que “é muito importante a atenção ao ambiente de trabalho e o mapeamento dos trabalhadores por grupo, atividade, ambiente e agentes nocivos que possam afetar a integridade física de cada um”, destacou Simas. 

“A medicina ocupacional deve olhar para o trabalhador como um todo” (Gilda Maria)

Na sequência, a gerente médica de saúde do Seconci-Rio, Gilda Maria, ressaltou que os programas ocupacionais precisam ser vistos com seriedade e não devem ficar “na gaveta”. “A medicina ocupacional deve olhar para o trabalhador como um todo, avaliando como o ambiente pode afetar a saúde dele. E essa avaliação deve ser periódica, sempre atualizada, pois os cenários mudam”, alertou ela, lembrando que “prevenção não é gasto, mas, sim, investimento em saúde e segurança. Os custos com acidentes de trabalho e processos por danos geram custos enormes”. Fechando sua apresentação, explicou como ficou o PCMSO após a revisão das NR´s. 

Confiabilidade Humana e Segurança Psicológica

A confiabilidade humana e sua implicação no trabalho também foi tema do seminário, explorado por Lysio Séllos, que é psicólogo, engenheiro e superintendente do Seconci-Rio. “Precisamos olhar para a equipe como um todo, entender de gestão de pessoas, de gestão de projetos e saber lidar com as pessoas de forma cartesiana e subjetiva”, disse ele, explicando que os chamados abismos hierárquicos minam a confiança nas pessoas. “É preciso acabar com as cercas que dividem as pessoas, pois a falta de confiança acaba com a produtividade”, afirmou. 

“É preciso acabar com os abismos hierárquicos” (Lysio Séllos)

Lysio também abordou a importância da comunicação entre as equipes. “Comunicação e sistemas ineficientes abrem janelas de oportunidade para falhas. Como dizia Peter Drucker, 70% de todos os problemas das organizações no mundo inteiro resultam da ineficácia da comunicação”, destacou ele.

Na linha da saúde mental, a psicóloga ocupacional, Lúcia Sebben, falou sobre segurança psicológica nas empresas, que significa promover aos trabalhadores um ambiente em que possam se expressar, dar ideias e fazer perguntas, com a certeza de que serão acolhidos, ouvidos e ajudados. “Este cenário é importante, porque fortalece as equipes, melhora os resultados, cria uma clima organizacional satisfatório, além de melhorar a saúde mental, estimular a motivação e prevenir acidentes de trabalho”, ressaltou. 

Fechando a programação, a engenheira de Segurança e supervisora do Depto. de Segurança do Trabalho do Seconci-MG, Andreia Kaucher, focou sua apresentação no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), trazido pela NR01 e braço direito do PCMSO. De acordo com ela, o PGR define a política e as diretrizes de um sistema de gestão, estabelecendo requisitos e orientações gerais para a prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. “O documento precisa ser estruturado sob um modelo que contemple condições necessárias para a prevenção de acidentes e que sinalize ações para redução de danos e impactos, caso estes ocorram”, disse ela, após explicar a aplicabilidade do documento e seus desafios.

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